A rotina do porteiro Antenor José Vieira, de Barra Mansa (RJ), começa cedo, às 4h30 da manhã. Tudo para realizar seu maior sonho: voltar a estudar.
Aos 61 anos, o idoso voltou a ter contato com lápis, caderno e livros e está cursando o 6º período do curso de Direito no Centro Universitário de Barra Mansa (UBM). A vontade de voltar para sala de aula era um desejo antigo. Apaixonado por direito, a escolha do curso veio com a oportunidade de uma bolsa de estudos.
“Trabalho como porteiro da faculdade desde 2013. Prestei o vestibular e na época a universidade me ofereceu a bolsa integral. Foi uma alegria imensa, porque Direito sempre foi meu sonho. Cheguei até me matricular no curso em 2003, mas por conta da despesa, eu não consegui concluir”, contou.
Além do trabalho na faculdade, Antenor conta que ainda se divide em outro emprego. “Minha rotina é bem puxada. Trabalho como porteiro em dois empregos e ainda faço faculdade à noite, só chego em casa por volta de meia-noite. Fiquei 30 anos sem estudar, tinha só o ensino fundamental, mas sempre quis ser alguém na vida, por isso fiz supletivo para concluir o ensino médio e agora estou realizando o meu maior sonho que é concluir o ensino superior”, disse.
Apesar de ser uma das pessoas mais velhas da turma, ele garante que não é tratado com diferença. “Não sou diferente dos outros porque sou um dos mais velhos. Pelo contrário, acho que eles enxergam em mim até um exemplo de determinação”, afirmou.
Os planos de Antenor são concluir a faculdade e trabalhar como advogado. Para isso, entre o intervalo de um serviço e outro ele está sempre com algum livro nas mãos.
“A profissão requer muita dedicação e principalmente muito estudo, por isso, eu estou sempre estudando. Os livros são meus companheiros. Eles ficam aqui, junto comigo no trabalho. Em uma folguinha eu pego para ler e estudar. Tenho certeza que ainda vou ser um advogado. Apesar da minha idade, nunca é tarde para realizar um sonho”, garantiu.
"A mente não envelhece, a idade é só um mero fator"
Direito também foi a escolha da dona de casa Margareth de Souza Santos, que também mora em Barra Mansa. “Resolvi retomar os estudos depois que passei por um processo jurídico. Me interessei muito pela área porque percebi que às vezes nós não sabemos muito dos nossos direitos. Então, incentivada pelos meus advogados eu me matriculei no curso e estou muito feliz com a minha escolha”, disse.
Mãe de dois filhos adultos e avó de quatro netos, ela conta que eles foram grandes incentivadores. “Meus filhos e minha família me apoiaram muito. Sou muito comunicativa, adoro lidar com jovens e adoro ganhar mais conhecimento. Então, acho que não vou encontrar dificuldade por ser mais velha que a maioria dos alunos. A questão é dedicação”, explicou.
A nova universitária dá a dica para quem quer voltar a estudar e tem algum receio por causa da idade. “A mente não envelhece, a idade é só um mero fator. Por isso, corra atrás do seu sonho, se dedique que você será bom em tudo que for fazer. Eu tenho um sonho, ser uma advogada criminalista e eu tenho certeza que ainda vou chegar lá”, disse, otimista.
No Brasil
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o número de idosos que entrou em uma faculdade aumentou 40% nos últimos dois anos. Só em 2014, por exemplo, mais de 15 mil pessoas com mais de 50 anos se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Fonte: G1
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