terça-feira, 8 de julho de 2014

Troca de goleiros: a arte da estratégia da Seleção da Holanda

Foi a primeira vez na história das Copas do Mundo que um técnico substituiu o goleiro no último minuto da prorrogação. A estratégia holandesa deu certo e reforça algumas lições na Administração



"O conceito de estratégia, em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie... Os senhores estão anotando?". Sim, o técnico da Seleção Holandesa - caso estivesse assistido a aula do Capitão Nascimento sobre esse conceito, em Tropa de Elite, - com certeza já teria anotado. Brincadeiras a parte, a palavra estratégia é uma das mais usadas na Administração e no mundo dos negócios. Na área empresarial segue como fonte de inspiração a origem militar, como a ciência dos movimentos e do planejamento da guerra para a vitória. 
Mas “estratégia” está longe de ser restringir aos âmbitos empresarias ou militares. Na conquista de um relacionamento amoroso, por exemplo, geralmente existem algumas táticas na manga que são utilizadas. No esporte, então, nem se fala. E foi utilizando-se dela (da estratégia), de uma forma bem feita, que o técnico Louis van Gaal, da seleção holandesa, chamou atenção de todos na Copa do Mundo realizada aqui no Brasil.

A Holanda e a Costa Rica faziam um dos confrontos pelas quartas de final da competição. O favoritismo holandês, contudo, não foi convertido em gols e a partida se encaminhou para os pênaltis. Para quem acompanha futebol um pouco mais a fundo sabe que, apesar da cara de exausto que os goleiros fazem, a maioria deles adora esse momento. É o ápice da consagração caso agarre algumas cobranças e o seu time ganhe a partida (é só lembrar como o próprio goleiro Julio César foi colocado no pedestal, após o jogo contra o Chile). 

Na partida entre Holanda e a Costa Rica, os goleiros em campo estavam muito bem, com excelentes defesas (um dos motivos para o placar não ter sido alterado). Tudo encaminhado para que um dos dois fosse o protagonista do dia. 

Porém, entrou um novo elemento nessa história: a estratégia. O técnico Louis van Gaal, colocou para aquecer o segundo goleiro reseva da Holanda na prorrogação e, faltando apenas um minuto, o pôs no lugar do titular (apenas para as cobranças). O espanto e a reação de surpresa foram eminentes de todos que assistiam. Foi a primeira vez na história das Copas do Mundo que o fato aconteceu. Mas por que essa mudança? 

O motivo era deduzido de forma muito rápida e intuitiva: “a especialidade do goleiro deveria ser pênaltis”, “deveria ter um know how fora do comum nesse aspecto”, “olha a altura dele: bem maior do que o seu companheiro titular, ou seja, mais envergadura”. Essas deduções, é claro, foram também absorvidas pelos jogadores da Costa Rica e provavelmente isso tenha abalado a confiança daqueles que cobraram, afinal, do outro lado estaria um “paredão”. 

A mudança deu certo: a Holanda se classificou. O goleiro Tim Krul defendeu duas cobranças, foi ovacionado e virou o grande herói do dia. A estratégia deu certo. Mas o que é mais incrível do fato é que o goleiro Krul, em seu histórico, não é nem um bom pegador de pênaltis assim, pelo contrário, ele possui um desempenho fraco. 

Uma reportagem no "The Guardian" destacou que o terceiro goleiro da Holanda havia em sua carreira, até aquela data, defendido apenas dois pênaltis dos 20 sofridos. O desempenho era estaticamente inferior comparado aos outros dois arqueiros. Claro, os cobradores da Costa Rica não sabiam disso. Para eles, enfrentariam o “grande paredão”, aquele que entrou na Copa do Mundo apenas para essa ocasião momento. E em momentos decisivos, de extrema pressão, o fator psicológico, o emocional pesa (e pesou). 

Claro, a mudança entre goleiro não foi apenas por esse motivo (pressionar o adversário). O técnico holandês destacou em entrevista coletiva que confiava muito no desempenho do Tim Krul, que nos treinamentos com a seleção tinha apresentado o melhor aproveitamento nesse quesito.

O caso, claro, acaba deixando algumas lições e reforça algumas teses bastante abordadas na Administração. Inovação, surpresa, confiança em sua equipe e estratégia são elemento que podem fazer grandes diferenças para o sucesso, seja ele um negócio ou simplesmente uma partida de futebol.

Fonte: Administradores

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