Empreender continua fora das alternativas de carreiras e pais ainda continuam educando filhos pensando apenas no emprego
Continua sendo algo raro um empreendedor
que tenha cursado, ou concluído, um curso superior. E isto não apenas no
Brasil. Bill Gates e Mark Zuckerman que o digam.
A maioria dos cursos de nível acadêmico –
Administração de Empresas, especialmente – não estimulam o
desenvolvimento do espírito empreendedor. Muito ao contrário, o inibem
com a complexidade de análises de viabilidade exigidas que terminam
inviabilizando qualquer sonho ou aspiração de pessoas mais
independentes.
Neste poder de “castração” da livre
iniciativa a escola só perde para a estrutura familiar que continua
educando seus filhos para o modelo do emprego convencional. Exemplo
disto é o caso de pais que ainda orientam seus filhos dentro da
mentalidade exclusiva de “conseguir um bom emprego numa grande empresa,
de preferência multinacional”.
E este fenômeno é mais comum na classe
média, que se acostumou com a falsa idéia da segurança e “status” do
vínculo empregatício que assegure um rendimento no final do mês. Mesmo
que esta pessoa passe a vida toda insatisfeita com a sua situação.
Valoriza-se uma pseudo-segurança em detrimento da realização pessoal e
profissional.
Para comprovar o que afirmo vale registrar
reportagem de uma revista de circulação nacional que realizou
entrevistas com um seleto grupo de alunos egresso do curso de graduação
da mais renomada escola de Administração do país. Perguntados sobre
quais eram seus planos, mais de 90% colocou como máxima ambição
conseguir um bom emprego numa grande empresa. Exceções foram os alunos –
e boa parte do sexo feminino – que declararam seu interesse em criar
seu próprio negócio no curto ou médio prazos.
É difícil compreender como frente a todos
os desafios e mudanças atuais do mercado de trabalho a Escola ainda não
tenha compreendido que seu papel não é preparar pessoas apenas para
serem empregados. Mas criar outras alternativas que fujam do
convencional e ajustem-se com a rapidez que o mercado exige.
É digna de registro a iniciativa da
Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. Conhecida como a “West
Point do Capitalismo”, a Escola de Administração de Empresas de Harvard
acaba de mostrar sua capacidade de adaptar-se às novas exigências dos
seus verdadeiros “clientes”. Substituiu o seu curso de Administração
“Geral”, pelo curso de “Administração Empresarial”.
Isto aconteceu após verificar que 25% das
matérias facultativas escolhidas pêlos seus alunos eram do Departamento
de Empreendimentos, que 20 anos atrás tinha apenas duas classes.
No Brasil merecem destaque iniciativas como
a da Endeavor, que não apenas estimula e patrocina, mas também
acompanha através de um sistema de mentoria, emprendedores de qualquer
idade. Também o trabalho que realiza o Sebrae, com seus programas de
formação e consultoria para empreendedores.
E não podemos deixar de nos referirmos ao
Senac e Senai, que tanto com programas de nível médio como superior,
formam profissionais que encontram no empreendedorismo uma forma de
aplicar os conhecimentos práticos adquiridos nestes programas.
Enfim, da mesma forma como tem surgido
novas carreiras, profissões e mercados, a alternativa de empreender deve
fazer parte do que o mundo acadêmico oferece aos seus alunos..
Vale registrar que esta mudança de “foco”
de Harvard possui um significado muito grande. Muitas instituições de
ensino tradicional continuam agindo como se o seu cliente fosse o
“aluno”. Não perceberam ainda que o “aluno” é o produto que elas
oferecem ao mercado. E este mercado está mudando muito rapidamente e não
quer mais aquele tipo de “produto” das décadas anteriores.
A cada dia que passa algumas questões
tornam-se mais claras e devem ser olhadas com maior interesse, tanto
pelos profissionais que ingressam no mercado de trabalho, aqueles que já
estão no mesmo e as instituições que tem como atividade principal
preparar estes profissionais. Podemos destacar alguns pontos: Educação e
desenvolvimento são processos permanentes. Eles não terminam com o
diploma ou formatura no final do período letivo. Também não se limitam à
atividades em sala de aula ou presença de um professor.
Cada vez mais as pessoas necessitam
entender que ninguém desenvolve ninguém. O processo é interior e o
aprendizado decorre da disposição das pessoas em aprenderem. E se
aprende tanto através da observação, leitura, diálogo, reflexão e tantas
outras formas que aguçam nossos sentidos.
Outra tendência é que cada dia necessitamos
ampliar nossa visão de mundo e da realidade multicultural. Lidar com a
diversidade vai ser mais exigido dos profissionais. E para isto torna-se
necessário romper com o modelo dualista típico do certo e errado.
Vivemos em uma sociedade repleta de ambigüidades e incertezas.
Para tanto a Escola nos prepara muito pouco. É necessário que cada um busque suas perguntas e respostas num ciclo permanente.
No Brasil, como no resto do mundo, existem
médias e pequenas empresas e empreendedores surgindo velozmente buscando
um “perfil” profissional mais ágil e menos afeito às soluções das
receitas e manuais de administração.
Não é pôr outra razão que “educação” virou
um negócio de alto interesse para grupos empresariais e investidores que
estão apostando alto nesta nova tendência do mercado.
E que se cuidem as escolas tradicionais que
continuam ministrando Administração Geral baseada em fluxogramas,
organogramas, O&M, etc. Mais ainda, que se reciclem rapidamente os
“catedráticos” destas instituições que ainda não perceberam que tanto o
seu verdadeiro “cliente” , como o mercado, já mudaram. Algumas vão
perder até a capacidade de “correr atrás do prejuízo”. E é bom sempre
lembrar que no “elenco” destes clientes está a empresa nacional.
Fonte: Administradores
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