sábado, 5 de outubro de 2013

Até morto assinou a ficha de filiação do Solidariedade, de Paulinho.


Monique de Cabral Fagundes, Esdras Oliveira Lima e Tereza Cristina, funcionários do Senado que tiveram seus nomes incluídos em listas para criação do Partido Solidariedade sem suas autorizações
Foto: Ailton de Freitas/ O Globo
Monique de Cabral Fagundes, Esdras Oliveira Lima e Tereza Cristina, funcionários do Senado que tiveram seus nomes incluídos em listas para criação do Partido Solidariedade sem suas autorizações
AILTON DE FREITAS/ O GLOBO


BRASÍLIA - Assediado pelo Planalto para apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o recém-criado partido Solidariedade elencou até um morto para reforçar as assinaturas que permitiram a criação da legenda. E recrutou — apenas na taquigrafia do Senado — nove servidores que identificaram seus nomes em listas de assinaturas, sem terem assinado.

Ao todo, 80 funcionários apontaram o mesmo problema e, agora, preparam-se para requerer à juíza da 14ª Zona Eleitoral vista da ficha de apoiamento ao Solidariedade. Assim, querem saber se seus nomes foram certificados nos cartórios como incentivadores da criação do partido.

O consultor da Câmara Magno Mello vai ajuizar hoje ação popular contestando assinaturas de quase 600 servidores do Legislativo, que teriam sido fraudadas nas listas de apoio à criação do partido do deputado Paulinho da Força (SP). O Sindilegis é apenas um dos 1.650 sindicatos controlados pela Força Sindical, comandada por Paulinho.

Apoiador morreu em 2006

O jornal “Correio Braziliense” revelou que uma das fichas de apoio do Solidariedade é “assinada” pelo ex-servidor do Senado José Washington Chaves. Detalhe: ele morreu aos 82 anos, em 5 de agosto de 2006, e o Solidariedade só começou a recolher firmas em novembro de 2011. A ficha está registrada no Cartório Eleitoral da 14ª Zona, na Asa Norte de Brasília, segundo reportagem publicada pelo jornal “Correio Braziliense”.

— Fiquei indignada, nossa família tomou um choque. Essa atitude é absurda e de um partido em que você não pode confiar de antemão. Qualquer postura desse partido, no futuro, a população tem de desconfiar, porque com certeza tem alguma mutretagem. Vamos tomar todas as medidas jurídicas cabíveis — disse ao GLOBO a filha de José Chaves, Iolanda Chaves, que também é servidora do Senado.

Ex-presidente do Sindilegis, Magno Mello alega que identificou a suposta fraude quando um servidor do Senado foi chamado para confirmar sua assinatura, em agosto, na 1ª Zona Eleitoral. O colega teria relatado a ele que, mesmo sem nunca haver assinado apoio ao partido, seu nome constava da lista.

— Nunca autorizei usarem meu nome para isso, e de repente ele aparece nessa lista. Me sinto lesado. Vamos confirmar se realmente nossas assinaturas foram certificadas indevidamente para, se for verdade, tomar medidas legais — afirmou o servidor Esdras Oliveira Lima.
Direção do partido nega fraude

O secretário-geral do Solidariedade, Marcílio Duarte, nega que tenha ocorrido fraude nas assinaturas que acabaram validadas pela Justiça Eleitoral. Ele afirma que a lista com os nomes supostamente fraudados seria uma “montagem” para atrapalhar a legenda:

— Qualquer um pode fazer uma lista, imprimir e dizer que são nomes fraudados. Se for provado que essa lista é verdadeira, tomamos providências — diz Marcílio Duarte.

Ex-presidente do Sindilegis, Magno alega que identificou a suposta fraude quando um servidor do Senado foi chamado para confirmar sua assinatura, em agosto, na Primeira Zona Eleitoral. O colega teria relatado a ele que, mesmo sem nunca haver assinado apoio ao partido, seu nome constava da lista.

Magno disse ter solicitado aos cartórios de Brasília a lista dos apoiamentos ao Solidariedade, mas afirma só ter conseguido resultado na 14ª zona eleitoral, com base na Lei de Acesso à Informação. Com a lista completa de assinaturas, que copiou à mão, já que não lhe foi permitido tirar cópias ou fotografar, montou um quadro identificando todos os nomes de servidores do Legislativo e o respectivo órgão em que cada um atua. Distribuiu a lista entre os colegas, que foram identificando seus nomes.

- Tenho certeza que minha categoria foi usada para criar esse partido. Há uma forte ligação sindicalista com o Paulinho da Força e vários servidores tiveram seus nomes usados sem saber. Vou entrar com a ação popular para anular essas certidões e acabar com esse maldito partido - afirmou Magno Mello.

Ele conta que, quando repassou a lista pelo Congresso e Tribunal de Contas da União (TCU), muitos dos servidores afirmaram que seus nomes foram usados indevidamente, e que nunca teriam assinado apoio ao Solidariedade.

Essa não é a primeira denúncia feita contra a coleta de assinaturas para a criação do Solidariedade, que recebeu na semana passada seu registro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O PDT ingressou com um mandado de segurança pedindo que a Justiça suste a criação do Solidariedade. O partido alega que houve fraudes nas assinaturas de apoiamento à criação do partido, mesmo nas fichas que foram usadas no TSE para atingir o número mínimo de 492 mil assinaturas necessárias para criar um partido. A denúncia aponta suspeitas de falsificação de assinaturas.


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Fonte: Portal O Globo 

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