Não foi apenas a caixa-preta [data logger] do guindaste que caiu na arena Corinthians, estádio que sediará a abertura da Copa do Mundo de 2014, que falhou. A luz do painel que deveria indicar ao operador que o equipamento estava com problemas também apresentou defeito no dia do acidente. A informação foi dada pela própria Liebherr, a empresa fabricante do guindaste, e consta da ata de uma reunião ocorrida no dia 30 de janeiro, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo. Além da Liebherr, participaram do encontro a construtora Odebrecht, a Locar Guindastes, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas e dois auditores fiscais do Trabalho.
“A Liebherr mostrou que não há dados da operação no data logger em 2013, e desconhece as causas do mau funcionamento do data logger e a não indicação do problema no painel do guindaste”, diz o documento.
O guindaste caiu no dia 27 de novembro de 2013, resultando na morte de dois operários e atrasos no cronograma das obras. Logo após o acidente, técnicos da empresa alemã estiveram no Brasil para a remoção da caixa preta e envio para a Alemanha, onde seria analisada pela própria fabricante. Eles disseram que apenas o software em poder da matriz poderia ler o data logger. Na ocasião, os funcionários da Liebherr fizeram cópias do conteúdo e entregaram ao Instituto de Criminalística e à Locar. Quase dois meses depois, a fabricante disse que os registros no data logger iam apenas até dezembro de 2012. Na reunião, os técnicos do Instituto de Pesquisa e Tecnologia da USP (IPT) disseram que, mesmo sem o software da caixa preta, chegaram à mesma conclusão em apenas algumas horas.
De acordo com a ata, os representantes da Liebherr se comprometeram a consultar a matriz na Alemanha sobre “a liberação ou não” do software do data logger para os demais interessados na investigação. Especialistas apontam que os dados poderiam auxiliar na determinação das causas da queda do guindaste.
Essa não é primeira vez que um guindaste da Liebherr apresenta falhas na caixa preta. Em setembro de 2011, em um acidente ocorrido em Washington, nos EUA, o dispositivo também registrou defeito.
Veja abaixo a ata:
Aos trinta dias do mês de janeiro de 2014, reuniram-se na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo, os representantes das empresas, conforme lista de presença anexa, CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT S/A, CNPJ: 15.102.288/0371-83, LIEBHERR BRASIL GUIND E MAQ OPER LTDA, CNPJ: 44021095/0001-03 e a LOCAR GUINDASTES E TRANSPORTES INTERMODAIS S.A. – CNPJ: 43.368.422/0001-72, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT e os Auditores Fiscais do Trabalho, Sr. Antonio Pereira do Nascimento e Noé Diaz Azevedo, representado a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo com o objetivo de padronizar as informações referentes a análise de acidente do trabalho ocorrido em 27 de novembro de 2013 na Arena Corinthians.
O IPT apresentou o estágio atual da análise do solo e da análise do equipamento LR11350 e os presentes não tiveram objeção quanto ao andamento do trabalho e o tratamento das informações obtidas.
Na primeira semana de fevereiro o IPT apresentará a CNO a proposta técnica comercial da análise do acidente.
A CNO questionou que deveria ser rateado do custo do contrato de análise do acidente com as outras empresas.
A SRTE/SP respondeu da dificuldade deste rateio em vista do Termo de Compromisso firmado.
A Liebherr mostrou que não há dados da operação do data logger em 2013, e desconhece as causas do mau funcionamento do data logger e não indicação do problema no painel do guindaste.
Prontificou-se a verificar junto a sua matriz na Alemanha a liberação ou não do referido software para todas as empresas, mas se dispôs a apresentar os resultados do data logger a todos os interessados.
A CNO insiste na disponibilização do software para todos os envolvidos bem como apoio técnico.
A Liebherr fez uma apresentação preliminar do referido data logger com os dados existentes de 2012 do guindaste LR11350.
Fonte: Conjur
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