A presidente Dilma Rousseff ganhou fôlego a fim de se consolidar como o Plano A do PT para a eleição presidencial de 2014. Para Dilma, essa é a principal leitura dos números da mais recente pesquisa Datafolha. Ela estava precisando de um gás para abafar o “Volta, Lula”.
Depois da queda de 21 pontos no terremoto das manifestações de junho, na qual sua intenção de voto caiu de 51% para 30% em menos de um mês, Dilma recuperou cacife na pesquisa Datafolha realizada entre quarta e sexta-feira (07 a 09/08).
No cenário A do levantamento, Dilma marcou 35%. A ex-senadora Marina Silva, que está criando a Rede, subiu de 23% para 26%. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) caiu de 17% para 13%. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), oscilou de 7% para 8%.
Até a notícia de que só Lula ganharia no primeiro turno é boa para Dilma. Ele subiu de 46% para 51% no cenário C. Por que é boa? Porque ele é o principal cabo eleitoral da presidente e está seriamente empenhado em reelegê-la. Com mais capital político, é o escudo ideal para quem ainda está em apuros.
PSDB não tem o que comemorar
O Datafolha trouxe notícias ruins para o PSDB e Aécio, o virtual candidato do partido ao Palácio do Planalto. Ele caiu. Não se beneficiou das manifestações. E uma eventual candidatura do ex-governador José Serra por outro partido tiraria votos do mineiro.
A pesquisa é péssima para Serra. Ele obteve quase 33% dos votos no primeiro turno de 2010. Na segunda etapa, em que perdeu para Dilma, conseguiu 44%. No Datafolha, conseguiu agora com apenas 9%.
Serra parece seguir os passos de Paulo Maluf na política paulista: alta rejeição e cansaço do eleitor. O Datafolha mostra que uma candidatura presidencial seria uma aventura destinada apenas a enfraquecer Aécio.
Para piorar a situação do ex-governador, a acusação de corrupção no metrô atinge em cheio o PSDB paulista. Mas sobrarão estilhaços desse caso para Aécio porque o PSDB, que usou um discurso moralista nos últimos anos para desgastar o PT, agora vai provar um pouco do próprio veneno.
Se o mau desempenho no Datafolha dissuadir Serra de um voo presidencial, ele poderia se acomodar numa eventual candidatura ao Senado. Mas o debate por renovação no PSDB de São Paulo poderá colocar em risco até essa alternativa.
Marina é a maior ganhadora
Nesta fotografia do Datafolha, Marina é quem se saiu melhor. Vem crescendo de forma constante. A ex-senadora vai pavimentando o caminho para chegar ao segundo turno. Claro que a máquina do PSDB ainda poderá ser um fator positivo para Aécio na hora H, mas hoje é Marina quem tem mais chance de enfrentar Dilma.
Na forma e no conteúdo, Marina entoa o discurso com melhor chance de conquistar a maior parcela dos que foram às ruas em junho e julho protestar contra os partidos e os políticos em geral. Ela tem uma biografia respeitável, de superação da pobreza a um lugar de destaque no cenário internacional como defensora do meio ambiente.
Possui inclusive uma característica útil numa disputa presidencial: certa dose de conservadorismo em temas como religião e a ampliação do direito ao aborto. Na economia, ela faz um discurso mais próximo da PUC do Rio, celeiro da ortodoxia brasileira, do que da Unicamp, bastião de desenvolvimentistas.
Marina não deveria ser subestimada por Dilma nem por Aécio.
Eduardo Campos não aconteceu
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSDB), terá duas escolhas. Ser candidato para se tornar conhecido, fazendo um discurso que o fortaleça para 2018. Ou ser um cabo eleitoral importantíssimo para Dilma, Aécio ou Marina.
Joaquim Barbosa
É sincero ao dizer que não será candidato. Mas, se quiser, terá voz na disputa presidencial. Uma palavra contra ou a favor de um candidato terá peso.
Fonte: Site do Kennedy Alencar - Jornalista Folha / RedeTV
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário