quinta-feira, 15 de agosto de 2013

BBom usa 'laranja' para tentar sacar R$ 2,5 milhões, diz MPF-GO

Dinheiro teria sido depositado na conta da mulher de diretor do grupo.
Bens da empresa estão bloqueados por suspeita de pirâmide financeira.

BBom diz que vai recorrer e afirma que rastreadores são homologados (Foto: Divulgação)
Rastreadores de veículos da BBom (Foto: Divulgação)
A empresa BBom, que teve seus bens bloqueados e atividades suspensas por suspeitas de pirâmide financeira, no início de julho, tentou sacar cerca de R$ 2,5 milhões, segundo informações do Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO). De acordo com o órgão, a quantia foi depositada na conta de um “laranja”, mas o saque foi impedido por meio de uma ação cautelar.
De acordo com o MPF-GO, o total de R$ 2.480.000 foi transferido para a conta bancária de Cristina Dutra Bispo, esposa do diretor de marketing da BBom, Ednaldo Alves Bispo. O casal receberia o dinheiro desviado com o fim de frustrar o bloqueio das empresas do grupo, alertaram os procuradores da República Helio Telho e Mariane Guimarães.
Para eles, ficou claro que a Embrasystem, empresa da qual a BBom é integrante, tentou organizar um esquema de contas de terceiros, chamados de “laranjas”, para movimentar os R$ 300 milhões que deveriam estar à disposição da Justiça. Com isso, além de ter o valor depositado bloqueado, o casal passa a integrar, como réus, a ação civil pública.

O MPF-GO pede a condenação do grupo por formação de pirâmide financeira e captação irregular de poupança popular. Além disso, quer a dissolução jurídica da empresa e a reparação de danos causados aos consumidores, com futuras indenizações.

Ainda segundo a nota, o executivo Ednaldo Alves Bispo e sua esposa Cristina Dutra Bispo trabalham para a empresa e “têm remuneração definida sob a forma de contrato de prestação de serviços, com firma reconhecida desde o início das atividades”. Em relação ao valor depositado na conta da mulher, a empresa garante que o dinheiro “pertence ao casal, que possui conta corrente conjunta”.Em nota enviada ao G1, a Embrasystem informou que repudia a informação do MPF-GO, pois o processo “requer segredo de Justiça”. A empresa também enfatizou que a ação citada ainda refere-se a uma medida cautelar, que ainda passa por avaliação “de provas e outros elementos”.
Os advogados da Embrasystem devem protocolar, nesta quarta-feira (14), um recurso junto ao Tribunal Regional Federal contra a informação divulgada pelo MPF-GO.

Bloqueio de bens
A BBom é investigada por uma força-tarefa, que realiza uma varredura em todo o país contra a prática de pirâmide financeira, que é ilegal. Em Goiás, os Ministérios Público Federal e Estadual suspeitam que a companhia não tenha todos os rastreadores oferecidos aos associados.

Os pedidos de bloqueio de bens e suspensão das atividades foram acatados pela juíza federal substituta da 4ª Vara Federal de Goiânia, Luciana Laurenti Gheller, no dia 10 de julho. Desde então, estão bloqueados R$ 300 milhões em contas bancárias do grupo, além de cerca de 100 veículos, incluindo motos e carros de luxo como Ferrari e Lamborghinis.

Em uma segunda liminar, no dia 17 de julho, a juíza determinou a "imediata suspensão" das atividades desenvolvidas pela empresa Embrasystem, conhecida também pelos nomes fantasia BBom e Unepxmil, e proíbe o cadastro de novos associados bem como a captação de recursos financeiros junto aos associados que já integram a rede.

Pirâmide
Segundo a Justiça, os integrantes da BBom são remunerados pela indicação de novos participantes no negócio, sem levar em consideração a quantia gerada pela venda dos produtos. Isso caracteriza o esquema de pirâmide financeira.

Os interessados se associavam mediante o pagamento de uma taxa de cadastro, no valor de R$ 60, mais uma taxa de adesão, que variava de R$ 600 a R$ 3 mil, de acordo com o plano escolhido. Depois disso, a pessoa era obrigada a atrair novos associados e pagar uma taxa mensal no valor de R$ 80, pelo prazo de 36 meses. Quanto maior o número de novos integrantes, maior seria a premiação ou bonificação que seria oferecida pela empresa.

Fonte: G1

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