segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Vendas de andadores para bebês são proibidas em todo o Brasil

Pediatras apontam o produto como um dos maiores causadores de acidentes envolvendo crianças; fabricantes vão recorrer



A Justiça do município de Passo Fundo (RS), determinou a proibição da venda de andadores infantis por conta do alto risco de acidentes fatais. A decisão foi emitida através de liminar e vale para todo o Brasil. Em caso de descumprimento da medida, os responsáveis estão sujeitos a uma multa diária de R$ 5 mil. No Canadá, a comercialização do produto é proibida desde 2007.
A proibição é consequência da ação civil pública impetrada pelo pediatra Rui Locatelli Wolf, representante da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e ainda cabe recurso em instâncias superiores. Em janeiro, o órgão orientou os 16 mil profissionais associados a desaconselharem os pais, ainda durante o pré-natal, a comprarem andadores para seus filhos.
Para sustentar a decisão, a juíza Lizandra Cericato Villarroel citou artigos da Constituição, do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O aparelho é apontado como um dos produtos infantis que mais causam acidentes envolvendo bebês e já teria provocado mortes e lesões graves. Além disso, especialistas apontam que o uso do andador atrapalha o desenvolvimento natural da musculatura da criança.
Em julho, o Inmetro realizou uma avaliação de dez marcas disponíveis no mercado, e todas foram reprovadas. Um mês depois, a entidade divulgou que irá criar uma certificação obrigatória para os produtos. Cerca de um em cada dez relatos relacionados a produtos infantis são referentes a andadores.

Morte

Em 2009, um bebê de 10 meses morreu após um acidente com um andador; caiu quatro degraus e bateu a cabeça. Apesar de não ter apresentado nenhuma reação visível (como choro ou vômitos), a criança acabou sofrendo um endema na cabeça e faleceu após 24 horas. O incidente ocorreu também em Passo Fundo; o município chegou a proibir a utilização de andadores em creches no início do ano.
Além das quedas, o uso de andadores acarreta o risco de crianças se aproximarem de piscinas, superfícies e produtos químicos. Em 2012, cerca de 850 crianças entre 7 e 15 meses de idade receberam atendimento emergencial por acidentes com andadores, conforme dados da SBP. Cerca de 60% envolvem lesão na cabeça. O órgão afirma ter recebido três relatos de mortes este ano em decorrência do uso do objeto.

Outro lado

Os fabricantes advertem que o produto deve ser utilizado sempre com a supervisão dos pais. Em entrevista ao G1, o presidente da Associação Brasileira de Produtos Infantis, Synesio Batista da Costa, adverte que os acidentes são resultado da negligência dos pais. Segundo ele, 7,5 bilhões de pessoas no mundo inteiro cresceram usando o andador; todos os anos são vendidos cerca de 2 milhões de produtos no brasil.
A entidade, que representa os fabricantes, promete recorrer da decisão, que considera "emocional".
Com informações do G1 e Folha de S. Paulo
Fonte: Administradores

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