A estudante de Direito Bárbara Matos Figueiredo, 30 anos, está revoltada. Ela afirma ter sido impedida injustamente pela Universidade de Cuiabá (Unic) de colar grau, na última segunda (13), no Hotel Fazenda Mato Grosso, sendo exposta a humilhação e constrangimento no dia da cerimônia.
Ela ensaiava com os colegas de curso pela manhã no Hotel quando os organizadores anunciaram a entrada dos alunos. O nome de Bárbara não foi chamado. “Eu me assustei e fui verificar o que aconteceu. Um dos organizadores do evento me disse que meu nome não constava na lista de formandos”.
Bárbara assegura que cumpriu todas as disciplinas e atividades extracurriculares, conforme determina a instituição de ensino superior. Ela procurou a Universidade de Cuiabá. No local, descobriu que não iria se formar porque faltava a conclusão de quatro estudos dirigidos.
“Eu fiquei arrasada, porque não imaginava que passaria por esse problema. Eu havia feito tudo o que era necessário para me formar, fui aprovada em todas as disciplinas, cumpri horas extracurriculares e até completei esses estudos dirigidos antes de terminar o curso, mas nem todos constam como feitos. Não sei se é problema no sistema ou outra coisa, mas estou muito abalada”, declara ao RDnews.
O problema
O imbróglio sobre a sua formação foi motivado pelos conteúdos disponibilizados na plataforma Estudo Dirigido, na qual são aplicadas disciplinas interativas consideradas obrigatórias e são feitos testes sobre os temas delas. Os itens são aplicados semestralmente. Segundo a universitária, ela adiou a realização das provas de semestres anteriores.
Ao tentar reverter entrave e não conseguir, universitária chorou muito e se diz abalada, assim como familiares que também aguardavam cerimônia ansiosos
Era um momento muito especial
“Decidi guardar tudo para o final, porque o sistema permite isso, para que pudesse focar nas disciplinas que considerava realmente importantes para o meu curso. Esses estudos dirigidos são os mesmos para todos os cursos e em nada tem a ver com aquilo que estudamos na faculdade”, declarou.
Depois de apresentar o trabalho de conclusão de curso e tirar nota 10 na avaliação, Bárbara afirma que faltava apenas terminar os estudos dirigidos atrasados e passou a se dedicar a eles. “Fiquei um dia inteiro fazendo tudo, para não ter problemas. Depois, fui ao setor que atende os alunos, entreguei os documentos das minhas atividades complementares na universidade e foi assinado por um funcionário da Unic, em 14 de junho. Até então, para mim estava tudo certo”, diz.
Rumo à colação
A partir de então, a estudante passou a se preocupar com os preparativos para a colação de grau. Contratou serviços de cabeleireira, maquiador, manicure, fotógrafo e alugou uma beca para o evento. Ela chamou amigos, alguns vieram de outros estados, para acompanhar o momento que, para a estudante, seria o fim de um intenso ciclo de sua vida.
Sempre fui uma aluna muito aplicada, me interessei pelas aulas e tive notas boas. Por isso, o fim do curso representou algo muito importante para mim, mas...
“Era um momento muito especial, porque eu praticamente não tinha vida durante a universidade. Eu estudava para concurso de manhã, fazia estágio à tarde e à noite ia para faculdade. Eu sempre fui uma aluna muito aplicada, sempre me interessei pelas aulas e tive boas notas. Por isso, o fim do curso representou algo muito importante para mim”, assegura.
Sobre os estudos que complicaram a vida dela, afirma que, não têm nada a ver com o curso e são utilizados apenas para tomar tempo dos alunos, mas jamais deixaria de fazê-los. "Sempre soube que sem eles não conseguiria me formar”.
A universitária lamenta que a Unic não apresentou nenhuma opção para que ela pudesse concluir os estudos dirigidos e participar da colação de grau na segunda, junto com os colegas de turma. “Eu passei o fim da manhã e a tarde inteira na universidade, tentando resolver isso. Pedi para me deixarem fazer esses estudos no mesmo dia, porque disseram que não teria como atestar que eu havia feito, mas não permitiram”, diz.
Diante da falta de alternativas para colar grau, a universitária relata ter ficado totalmente abalada. “Eu fui para casa, comuniquei meus parentes e chorei o dia inteiro”, comenta. Segundo ela, representantes de seu curso comentaram que ela poderá fazer uma colação de grau extemporânea, que seria realizada nas próximas semanas, logo que ela concluísse os estudos dirigidos.
“Mas mesmo que isso aconteça, não vai ser a mesma coisa. Não estarei com meus amigos que estudaram comigo os cinco anos de curso e também não terá a mesma emoção, depois de todo o constrangimento que passei”.
Processo judicial
Bárbara já decidiu que vai processar a Universidade, por danos morais e materiais. “Estou reunindo todos os documentos necessários e devo acioná-la na próxima semana. Uma situação dessas não pode ficar impune”, assevera.
Bárbara comenta que chegou a tentar acessar a plataforma de Estudo Dirigido nesta terça (14), para fazer novamente as avaliações, porém não obteve acesso ao portal. “Eu tive problemas para conseguir acessar os estudos, não consegui fazê-los”, reclama.
A universitária segue sem previsão de quando conseguirá colar grau. “Estou perdida, não tenho nenhuma informação sobre quando vou conseguir resolver isso. Eu só quero concluir o meu curso, de fato”.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a Universidade de Cuiabá, que ainda não se pronunciou sobre o assunto até a manhã desta quarta (15).
Fonte: Amo Direito
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