sexta-feira, 28 de junho de 2019

Grávida é baleada, feto morre e ela é acusada de homicídio culposo; entenda

Uma mulher cujo bebê que esperava morreu após ela ser baleada foi indiciada por homicídio culposo, enquanto a autora do disparo foi inocentada. O caso aconteceu em Alabama, nos Estados Unidos.

Marshae Jones, de 28 anos, foi acusada por um grande júri no Condado de Jefferson na quarta-feira (26). Ela estava grávida de cinco meses quando Ebony Jemison, de 23, atirou em sua barriga durante uma briga por causa do pai da criança, em dezembro, de acordo com autoridades.
Jemison foi inicialmente acusada de homicídio culposo, mas o mesmo júri se recusou a indiciá-la depois que um policial afirmou que uma investigação apontou que Jones iniciou a briga, e que Jemison atirou em legítima defesa.

O tenente Danny Reid, da polícia de Pleasant Grove, disse na época que “a única verdadeira vítima” foi o feto, que foi levado desnecessariamente para uma briga e que era “dependente de sua mãe para ser mantido em segurança”.

Jones “intencionalmente” causou a morte do feto, segundo o indiciamento. Ela o fez ao “iniciar a briga sabendo que estava grávida de cinco meses”, diz o documento.


O gabinete da Procuradoria do Distrito de Bessemer Cutoff não retornou os pedidos para comentar o assunto.

Ativistas dos direitos das mulheres expressaram indignação.

Lynn Paltrow, diretora executiva do Defensores Nacionais de Mulheres Grávidas, diz que mulheres ao redor do país estão sendo processadas por homicídio culposo ou assassinato por realizarem um aborto ou sofrerem aborto natural. Ela disse que atualmente o Alabama lidera em número de casos de acusações contra mulheres por crimes relacionados a suas gestações.


Ela disse que centenas foram processadas por entrarem em conflito com o estatuto de “exposição a perigo químico de uma criança” do estado ao expor seu embrião ou feto a substâncias controladas.

Mas esta é a primeira vez que ela ouve falar de uma grávida sendo acusada após ser baleada.

“Isso nos leva a um novo nível de inumanidade e ilegalidade em relação às mulheres grávidas”, disse Paltrow. “Não consigo imaginar outra circunstância onde uma pessoa, ela mesma vítima de um crime, seja tratada como a criminosa”.

A prisão de Jones também gerou críticas do Fundo Yellowhammer, que arrecada dinheiro para ajudar mulheres a ter acesso a abortos.

“O estado do Alabama provou mais uma vez que a partir do momento em que uma mulher engravida sua única responsabilidade é produzir um bebê vivo e saudável e que ele considera que qualquer ação que uma gestante tome que possa impedir esse nascimento é um ato criminal”, disse Amanda Reyes, diretora do grupo.

Fonte: Nação Jurídica 




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