A defesa do adolescente detido desde a semana passada por suspeita de planejar o massacre na escola estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, disse que seu cliente fantasiou o crime, mas não ajudou os assassinos a executá-lo.
Dez pessoas, incluindo dois criminosos, morreram no ataque ocorrido em 13 de março. Outras 11 ficaram feridas.
O Ministério Público (MP) e a Polícia Civil acusam um adolescente de 17 anos de participar do planejamento da chacina. Segundo os órgãos, ele seria o mentor intelectual do crime em Suzano.
Outro garoto, também de 17 anos, e um rapaz de 25 anos, que foram executores, se mataram após a chegada da Polícia Militar (PM) no colégio em Suzano. Os dois assassinos e o aluno apreendido eram haviam estudado na escola atacada.
Durante entrevista nesta segunda-feira (25) em São Paulo, Marcelo Feller, advogado do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), que defende os interesses do adolescente apreendido, confirmou que em 2015 seu cliente conversou com o assassino mais novo sobre atacar a escola, mas que, à época, isso era uma “fantasia” e não um plano.
“O que deve-se entender disso? Que de fato: quatro anos antes do massacre, quando ele tinha entre 13 e 14 anos, sim, ele fantasiou sobre entrar na escola e atirar em pessoas. E com outros garotos também. Isso nunca saiu do campo da fantasia", disse o advogado.
"Não há nos autos absolutamente nenhuma prova de que esse garoto soubesse de que (o assassino mais novo chamaria outro rapaz) ia tirar isso do plano das ideias e continuamente agir”, disse Feller.
Polícia apreende menor suspeito de ajudar no massacre em Suzano — Foto: Reprodução/JN Polícia apreende menor suspeito de ajudar no massacre em Suzano — Foto: Reprodução/JN
Polícia apreende menor suspeito de ajudar no massacre em Suzano — Foto: Reprodução/JN
Segundo Feller, o adolescente, que está provisoriamente numa unidade da Fundação Casa, seguirá na terça-feira (26) para a audiência de instrução do caso no Fórum de Suzano. A Justiça deverá ouvir as testemunhas e o menor sobre a acusação de que ele ajudou a planejar o massacre.
“Fantasiar uma coisa é absolutamente diferente de colocar isso em prática”, afirmou o advogado do garoto detido. “O adolescente não tem nenhuma participação nesse planejamento.”
Ainda segundo Feller, após seu cliente e o assassino mais novo fantasiarem sobre o atentado, eles romperam relações e só voltaram a se falar no começo deste ano.
E, segundo o advogado, o menor ficou em choque ao saber do massacre na escola, pois não esperava que aquilo que fantasiavam iria acontecer.
“É bastante comum que o atirador efetivo comente com amigos, comente com pessoas próximas as fantasias que ele tem. e na grande maioria das vezes, ninguém leva o atirador a sério. Todo mundo imagina que ele jamais cometeria aquele tipo de crime”, comentou Feller.
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Promotoria e polícia informaram ter trocas de mensagens de WhatsApp entre o seu cliente, o assassino mais novo e outros jovens como prova do envolvimento do menor no massacre. Mas, para o advogado, as conversas das mensagens demonstram que o garoto não sabia da chacina.
“Segundo relato do próprio garoto aos seus amigos, por Whatsapp, ele demonstra uma angústia tremenda quando ele fica sabendo do que seu melhor amigo foi capaz de fazer”, disse Feller. “Mais do que isso, o adolescente que eu represento é quase que um 'sincericida'. Tudo que se pergunta a ele, ele responde.”
A polícia ainda procura identificar um possível quarto suspeito de envolvimento no massacre. Seria quem deu a arma ao assassino mais novo.
Sete pessoas, entre alunos e funcionários, foram mortas a tiros e golpes de machado pelos assassinos. Um matou o outro e se suicidou em seguida depois que os dois foram cercados pela PM dentro da escola. Um tio do assassino mais novo foi morto a tiros pelo sobrinho na sua loja de carros momentos antes do ataque à escola.
Policiais e MP também estão em busca de pistas que levem aos membros de um fórum na deep web, parte da internet que é considerada obscura e que não pode ser encontrada em buscadores. Essas redes anônimas teriam incitado os assassinos a cometer o massacre.
Fonte: Nação Jurídica
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