Contador posa de beca quatro décadas após formatura (Foto: Bianca Cirino/Arquivo pessoal)
Quarenta e um anos depois de formado, Juarez Silveira Pinto, de 82 anos, realizou um sonho na noite desta sexta-feira (7): participar de uma festa de formatura e ser fotografado de beca. Quando concluiu o curso de Ciências Contábeis, em 1976, ele não pode. “Eu vivia com dificuldade, já casado e com dois filhos para criar. Acabei pegando o diploma na reitoria da universidade”.
A ideia de dar esse presente para o avó, foi da neta Bianca Cirino, de 28 anos. “Quando o meu irmão recebeu a beca para a formatura dele – que ocorreu nesta sexta-feira - tivemos a ideia de vestir o meu avô com a roupa. Como eu não sabia a cor da faixa do curso de Ciências Contábeis, postei a foto em uma rede social para tentar conseguir uma faixa emprestada para compor a ''roupa de formatura'' do meu avô, para que pudéssemos tirar uma foto”.
O que Bianca não imaginava era a repercussão que a postagem ia ter: foram mais de 6,5 mil curtidas e 1,2 mil comentários, todos querendo, de alguma forma, ajudar o senhor Juarez a realizar o sonho. O esforço da neta foi compensando: ele ganhou uma beca novinha e foi convidado para a festa de formatura da Unifor, onde se formou na primeira turma de contabilidade da instituição.
Tímido, seu Juarez não esconde a alegria. “Isso tudo foi invenção da minha neta. Eu estou nas mãos dela, para onde ela me botar eu vou” diz.
Casado há 57 anos, Juarez e a mulher foram os responsáveis pela criação dos netos, Bianca e Lucas. “Quando nossos pais se separaram nós viemos morar com nossos avós. Agora, a minha mãe está casada novamente mas não quisemos deixar de morar com os dois. Meu avó é uma pessoa linda e a nossa relação com os dois é cheia de amorzinho", relata a neta.
Trajetória
A história de vida do seu Juarez começou no município de Canindé, onde nasceu. Logo a família se mudou para o Maciço de Baturité, onde viveu alguns anos em Pacoti e Guaramiranga. Após ser o Exército aportou em Fortaleza, onde mora até hoje. Começou a trabalhar em uma empresa, que faliu depois de uns 8 anos. Daí, na nova empresa, conseguiu realizar um sonho: fazer uma faculdade. “Como eu não tinha dinheiro para pagar as mensalidades, os donos da empresa se prontificaram a custear meus estudos”.
Hoje aposentado, Juarez diz que continua fazendo trabalhos de contabilidade em casa “para não parar a mente”. Além disso, afirma que ajuda a mulher nos afazeres domésticos. “A gente morre se ficar parado, né?”. A mulher, companheira de uma vida inteira, diz que está com medo dessa superexposição. “Ela diz que tem medo que eu encontre outra” diz, antes de uma gargalhada.
Ativo e saudável, ele quer viver muitos anos ainda. “O meu pai morreu com 103 anos. Assim, eu espero ficar por aqui ainda pelo menos por mais uns 20 anos”, brinca.
Fonte: g1 globo
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