Qualquer pergunta que um headhunter faça durante a entrevista de emprego traz consigo o potencial de eliminação, segundo Heitor Peixoto, diretor de recrutamento e executivo da STATO. “Em uma hora de entrevista, tudo é fundamental e pode desqualificar para aquele processo”, diz, sem hesitar.
No entanto, há perguntas cujas respostas têm mais peso na avaliação porque dão indícios do nível de coerência e também de autocrítica de um candidato. Segundo os dois recrutadores consultados se há um grupo de questões que podem ser consideradas perigosas é o das perguntas usadas para checar o nível de consistência do candidato.
“Tem perguntas que a gente faz para entender detalhes que o candidato não quis dividir”, conta o também recrutador Gabriel Santos, da Talenses.
Tenha em mente, sugerem os especialistas, de que não existe resposta boa ou ruim e, sim, perfis mais adequados ou menos adequados para determinadas funções. Forçar a barra e tentar ser o que não é compromete a reputação e, consequentemente, lima o profissional de processos seletivos corrente e futuros.
Um dos sinais mais evidentes de que a resposta dada não satisfez o recrutador é claro, segundo Peixoto. “O candidato deve prestar atenção quando a gente repete a pergunta porque é sinal de que ele não a respondeu direito. É melhor não tentar rodear e ser objetivo”, diz.
A seguir, confira algumas perguntas que os especialistas usam para descobrir mais sobre candidatos:
Como está o seu nível de inglês?
Não é só o domínio do idioma que está em questão quando essa pergunta é feita por Heitor Peixoto, diretor de recrutamento e executivo da STATO. Nesse caso, conta pontos o alinhamento entre o nível que o candidato diz ter e o que ele, de fato, fala em inglês.
“Faço essa pergunta, quero ver o que vai dizer, e passo para a conversa em inglês, na sequência. Vou avaliar a transparência e o senso crítico do candidato”, diz.
Candidatos que se dizem fluentes mas começam a gaguejar muito na hora de continuar a conversa no idioma vão deixar a imagem negativa de descompasso em a autoavaliação e a realidade.
O recrutador conta que o contrário também acontece. “Já teve candidato falando que não era fluente, mas era”, diz. Ainda que tenha menor prejuízo para a reputação do profissional, não deixa de revelar falta de autoconhecimento.
Qual o motivo de saída da empresa?
Atribuir uma demissão a uma reestruturação fictícia é, no mínimo, ingenuidade. Recrutadores são profissionais especializados nos mercados para que selecionam. Conhecem, portanto, quais empresas estão enxugando operações e quais estão em expansão.
“A gente vai investigando até extrair o motivo”, diz Gabriel Santos. Brigou com chefe? Conte que havia um desalinhamento de ideias, por exemplo. Não conseguiu entregar o resultado esperado? Explique em que medida a meta era agressiva.
Mas, sobretudo, seja sincero pois essa é a virtude em jogo nesta pergunta. “Tem várias maneiras de checar se a alegação é verdadeira. A gente vai atrás e é melhor ouvir da boca do candidato”, confirma Peixoto.
Quais são seus pontos fortes e fracos?
“Quando faço essa pergunta eu já brinco dizendo que não vale falar que o ponto fraco é a ansiedade”, diz Peixoto.
Mas, para ele, a pior resposta não está relacionada à ausência ou não de uma virtude e, sim, dizer que considera difícil falar dele mesmo.
Como estão acostumados a entrevistar executivos, os dois recrutadores consultados disseram que esperam respostas mais maduras. “ Eu recebo boas e sinceras respostas”, diz Santos.
“O que a gente quer é a autocrítica. Como a pessoa vai crescer e progredir na carreira se ela não sabe quais são seus pontos fortes e fracos”, diz o diretor da STATO.
Qual a sua participação no projeto X?
Soa, no mínimo, inusitado, liderança de projetos em um currículo de analista. Por isso, sempre que Gabriel Santos, da Talenses, escuta numa entrevista o candidato contar que foi líder de um projeto ele emenda a seguinte pergunta: “a quem você se reportava? ”
É que, segundo ele, o mapeamento da estrutura hierárquica mostra a proximidade de um profissional da estratégia de negócio, e este, sim, é o principal indicativo do escopo de atuação em um projeto.
Fonte: Amo Direito
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